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Foto do escritorBernard Gontier

Viagens


A viagem de que amanhã vai melhorar.

A viagem de que os filhos, um dia, irão entender.


A viagem de hoje.


A viagem de que a força daquela alegria será de novo tão

vigorosa quanto já foi.


A viagem de que ainda há tempo.


A viagem de que será possível, sim, ainda é possível,

apenas oscilando na dúvida entre tentar levemente e

tentar com leveza.


A viagem de ser compreendido através de um olhar

divertido.


A viagem de nós dois, de que nos bastamos, de que juntos somos mais fortes.


A viagem de juntos.


A viagem de se livrar.


A viagem do conforto à toa, alheio ao preço e não a

qualquer preço.


A viagem de voltar a respirar, de ver a respiração das

coisas, de respirar junto com as coisas.


A viagem de suportar, sem que isso assim se pareça

e de se acalmar, pelo bel prazer de.


A viagem de perdoar, conseguindo esquecer até mesmo o

nome do objeto a ser perdoado.


A viagem de ser perdoado.


A viagem do não necessitar, e assim mesmo solicitar, para

exercer o vínculo.


A viagem de não partir antes da hora e de não chegar

atrasado.


A viagem da precisão intuitiva.


A viagem do não calculado para não dizer a viagem da

entrega.


A viagem de uma cozinha ensolarada pela manhã, somente

pela manhã.


A viagem de uma tarde sem enganos.


A viagem da suavidade da noite, uma noite isenta de

estações, com muitas estrelas e brisa, a brisa leve

de uma partida que encontra e de uma chegada que alegra.


A viagem da viagem. (Imagem: Jane Peterson)

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