A viagem de que amanhã vai melhorar.
A viagem de que os filhos, um dia, irão entender.
A viagem de hoje.
A viagem de que a força daquela alegria será de novo tão
vigorosa quanto já foi.
A viagem de que ainda há tempo.
A viagem de que será possível, sim, ainda é possível,
apenas oscilando na dúvida entre tentar levemente e
tentar com leveza.
A viagem de ser compreendido através de um olhar
divertido.
A viagem de nós dois, de que nos bastamos, de que juntos somos mais fortes.
A viagem de juntos.
A viagem de se livrar.
A viagem do conforto à toa, alheio ao preço e não a
qualquer preço.
A viagem de voltar a respirar, de ver a respiração das
coisas, de respirar junto com as coisas.
A viagem de suportar, sem que isso assim se pareça
e de se acalmar, pelo bel prazer de.
A viagem de perdoar, conseguindo esquecer até mesmo o
nome do objeto a ser perdoado.
A viagem de ser perdoado.
A viagem do não necessitar, e assim mesmo solicitar, para
exercer o vínculo.
A viagem de não partir antes da hora e de não chegar
atrasado.
A viagem da precisão intuitiva.
A viagem do não calculado para não dizer a viagem da
entrega.
A viagem de uma cozinha ensolarada pela manhã, somente
pela manhã.
A viagem de uma tarde sem enganos.
A viagem da suavidade da noite, uma noite isenta de
estações, com muitas estrelas e brisa, a brisa leve
de uma partida que encontra e de uma chegada que alegra.
A viagem da viagem. (Imagem: Jane Peterson)
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