top of page

Lezírias

Foto do escritor: Bernard GontierBernard Gontier








Me inclino ao ocidente, com todo o respeito pela outra margem

Aos sonsos parece que tudo está ruindo,

Nada disso, são os aprestos para a terceira via

E nas infindáveis lezírias que a vida me apresentou,

Docemente,


Não dormi em enxerga pela Graça de Deus

Mas conheci nédios sortidos, via de regra enfatuados,

tentaram bem aluir minhas forças

Uma única vez me refestelei com anho ao molho de hortelã

Resmoneei junto a choldra em mais de uma ocasião

Usei sentinas de vários tipos para diversos fins

Recebi emolumentos ora miúdos, ora régios


Política nessas plagas é pacto de vitimários, coisa de carniça e carniceiro,

pouco comento além do Templo onde cultuam, que vejo de longe, eternamente envolto em inflexível orgulho, chamejante e majestático com o tilintar do seu rebanho, a estridência das suas mentiras, o ágio obsceno circulando debaixo das vigas, e o sangue dos distraídos jorrando incessante sob o palavrório iníquo.


Das outras ações fui como a chuva que o chão agradece,

embora uma ou outra planta mais frágil tenha se

ressentido com a veemência do aguaceiro


Voltei na lezíria, nada de soalheira aqui,

só o frescor da brisa repleta de anjos

Doravante sou sol com ares de herói envelhecido

Suspirando por novas paragens


E me cerco de almas jucundas, tão antigas quanto Noé,

Ouvimos música e sorvemos doçuras de uma cesta

enfeitada com nastro amarelo

A cor da sabedoria que há de lançar suas raízes

Em cada côvado deste espaço tão carente de sossego e nitidez




(Imagem: Map of the World Bartholomaeus Anglicus's 'De proprietatibus rerum', late 15th century , Paris)






Posts recentes

Ver tudo

Comments


  • Facebook Basic Black
  • Twitter Basic Black
bottom of page